Na manhã seguinte, depois de um café da manhã preparado para ele, Benjamin dirigiu-se à biblioteca. Era uma sala enorme, com prateleiras altas cheias de livros de todos os tipos. Ele passou horas vasculhando mapas, esperando encontrar uma saída das montanhas.
Ele decidiu investigar mais, mas foi interrompido por uma batida na porta. Era Adeline, linda como no dia anterior.
— Bom dia, Sr. Walker — ela disse com um sorriso. — Espero que você tenha dormido bem.
— Sim, obrigado — respondeu ele. — Eu estava apenas explorando a biblioteca. E tentando encontrar um caminho de volta.
— O que você estava fazendo explorando os Montes Cárpatos?
— Apenas viajando. Saí de casa em busca de uma aventura, mas acabei preso na floresta.
— Confie em mim, você não é o primeiro. Mas pelo menos você não veio para encontrar a fera — A mulher sussurrou, colocando as mãos pálidas sobre os livros da estante.
— Eu não acredito em monstros, senhorita Adeline — afirmou — O que há com essa fera que a deixa tão preocupada?
— Ela matou alguns dos meus visitantes. Por que você acha que eu moro sozinha neste castelo gigante?
Benjamin ergueu as sobrancelhas em surpresa. — Eu não fazia ideia. Há algo que eu possa fazer para ajudar?
Adeline balançou a cabeça. — Não, eu tenho minhas próprias maneiras de lidar com isso. Mas agradeço a oferta.
Benjamin assentiu, entendendo que ela não queria discutir mais sobre aquilo. Ele mudou de assunto.
— Esta é uma biblioteca notável que você tem aqui. Você tem alguma sugestão de livro que possa me ajudar a encontrar o caminho para sair dessas montanhas?
Adeline sorriu. — Na verdade, eu tenho. Tem um livro aqui que pode te ajudar.
Ela entregou a ele um livro de capa de couro sem títulos. — Foi escrito por um viajante que passou muitos anos explorando esta região. Acho que você vai achar útil.
— Obrigado, senhorita Adeline — disse Benjamin, grato por sua ajuda.
Quando ele estava prestes a sair, Adeline falou novamente.
— Senhor. Walker, posso fazer uma pergunta?
— Claro — respondeu Benjamin.
— O que você planeja fazer quando encontrar o caminho para sair das montanhas?
Benjamin fez uma pausa, pensando em sua resposta. — Ainda não decidi. Suponho que continuarei minhas viagens e verei aonde elas me levarão.
Adeline assentiu pensativa.
— Parece uma aventura maravilhosa.
Benjamim sorriu. — É sim. E eu não desejaria de outra maneira.
Com isso, ele saiu da biblioteca, ansioso para começar a ler o livro e encontrar uma saída das montanhas.
Ele passou o dia inteiro lendo o livro e traçando o caminho para sair das montanhas. Quando já tinha tudo pronto para a viagem, decidiu agradecer a Adeline pela hospitalidade.
Mas uma parte dele simplesmente não queria deixá-la para trás, sozinha naquele castelo e se escondendo de um monstro que provavelmente nem existia.
Então ele foi contra o aviso dela e se dirigiu para a ala oeste do castelo. Faltavam alguns minutos para a meia-noite. Então, ele silenciosamente bateu na porta e esperou por uma resposta. Quando não obteve nenhuma, ele abriu a porta e entrou.
Era uma sala escura e mofada, com móveis velhos cobertos por lençóis de poeira. Ao entrar na sala, seus olhos se ajustaram à escuridão e ele viu uma figura no canto da sala.
Era Adeline, sentada em uma cadeira de madeira, olhando para uma pintura na parede. Ela olhou para trás quando viu Benjamin.
— Senhor Walker, o que você está fazendo aqui? — ela perguntou, surpresa.
— Gostaria de agradecer a sua ajuda e hospitalidade. E eu não poderia ir embora sem me despedir — respondeu Benjamin, olhando-a atentamente.
Adeline sorriu. — De nada. Estou feliz por poder ajudar. Mas você não deveria ter vindo aqui. Esta parte do castelo é perigosa.
— Perigosa? Como assim? — ele perguntou se aproximando, mas Adeline fugiu dele.
— Você não deveria estar aqui, vá embora!
— Adeline, eu não irei se você não me explicar o que está acontecendo!
Mas a mulher tentou ficar escondida dele, e usou sua capa para cobrir o rosto enquanto ele tentava falar com ela.
— Eu não quero que você viva assim, Adeline! Por favor, venha para casa comigo!
— Benjamin, se eu for com você, vou te machucar. E eu não posso fazer isso, não de novo e não com você!
— Me machucar? O que você está falando? — Benjamin perguntou, confuso.
Adeline soltou um suspiro profundo. — Não sou o que você pensa que sou, Benjamin. Estou amaldiçoada e aqueles que se aproximam demais de mim correm perigo. É por isso que moro aqui, sozinha.
— Amaldiçoada? Que tipo de maldição? — Benjamin perguntou, ainda sem entender.
Adeline hesitou por um momento antes de falar. — Eu sou uma vampira, Benjamin. Uma criatura da noite. E aqueles que se aproximam demais de mim correm o risco de serem mortos ou transformados em um também.
Benjamim ficou atordoado. Ele nunca acreditou nessas coisas, mas não podia negar a verdade nas palavras de Adeline. A pele pálida e fria, os dentes afiados, que ele pensou ser apenas um jogo de sua mente. A vermelhidão em seus olhos e o castelo completamente escuro durante o dia. Ela estava dizendo a verdade. Mas ele não percebeu até ela dizer, porque desde o momento em que colocou os olhos nela, ele não viu uma vampira. Em vez disso, ele viu a mulher mais bonita que já tinha visto. Desde o início, ele se sentiu atraído por Adeline de uma forma que não conseguia explicar.
Ele deu um passo para mais perto dela e gentilmente removeu a capa de seu rosto. O que ele viu o surpreendeu. O rosto de Adeline estava marcado por cicatrizes e queimaduras, e seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas.
— Adeline, o que aconteceu com você? — perguntou Benjamin, com o coração partido por ela.
Ela desviou o olhar, incapaz de encontrar o dele. — É uma longa história. Uma de que não me orgulho.
— Por favor, diga-me — Benjamin disse, estendendo a mão para pegar a mão dela.
Adeline hesitou por um momento antes de responder: — É uma maldição que foi lançada sobre minha família por gerações. Somos amaldiçoados a viver uma vida solitária e isolada como vampiros, e a maldição só pode ser quebrada pelo amor verdadeiro.
— Amor verdadeiro? Isso soa como um conto de fadas.
— Eu sei que parece loucura, mas é verdade — Adeline insistiu. — Ao longo dos anos, minha família se tornou temida e evitada pelos habitantes locais, porque eles eram egoístas e indelicados. Ninguém nunca quebrou a maldição, e ela foi passada de geração em geração. Todos que entraram neste castelo tentaram me matar, mas… eu os matei primeiro — suas lágrimas cobriam todo o seu rosto — eu não pude evitar! Eu preferia que eles tivessem me matado!
— Pare de dizer isso! — ele gritou. — As pessoas podem te ver como um monstro, como uma fera, mas a única coisa que vejo é uma linda mulher que me recebeu em seu castelo, me ajudou a encontrar uma saída da floresta e se preocupou com a minha segurança. Você não é um monstro, Adeline!
Ela olhou para ele com surpresa e descrença.
— Como você pode dizer isso? Você não sabe o que eu sou ou do que sou capaz. Você não entende a maldição que atormenta minha família há gerações.
Benjamin se aproximou dela, pegando suas mãos. — Não preciso entender a maldição para saber que você é uma pessoa gentil e atenciosa. E não acredito em julgar as pessoas com base nas primeiras impressões. Já te disse antes, não acredito em monstros.
Os olhos de Adeline se encheram de lágrimas novamente quando ela viu a seriedade nos olhos dele.
— Mas como você pode amar alguém como eu? Estou amaldiçoada e só vou trazer miséria e dor para você.
Benjamin balançou a cabeça, sua voz inabalável. — Você não vai me trazer dor, Adeline. Ficarei ao seu lado e a ajudarei a quebrar essa maldição. Eu acredito no amor verdadeiro e acredito que ele pode conquistar qualquer coisa.
Adeline olhou para ele, seu coração cheio de esperança e amor pela primeira vez em anos.
— Você realmente quer dizer isso? Vai ficar comigo, não importa o quê aconteça?
Benjamin sorriu, puxando-a para seus braços. — Sim, Adeline. Eu farei o que for preciso para quebrar essa maldição e ficar com você para sempre.
Ao se abraçarem, uma energia poderosa encheu a sala e Adeline sentiu a maldição começar a se dissipar. O castelo tremeu, junto com o chão sob seus pés. Mas eles continuaram abraçados, determinados a quebrar a maldição.
Finalmente, o tremor parou e uma luz brilhante encheu a sala. Quando desapareceu, Adeline e Benjamin se viram em um belo jardim, cercado por flores desabrochando e uma vegetação luxuriante.
Adeline olhou em volta maravilhada, percebendo que a maldição havia sido quebrada.
Ela se virou para Benjamin, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Você conseguiu. Você quebrou a maldição com seu amor.
Benjamin sorriu, olhando profundamente nos olhos dela, que não eram mais vermelhos, e sim de um belo tom de castanho, que combinava perfeitamente com o tom de sua pele.
— Não, Adeline. Quebramos a maldição juntos, com nosso amor.
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