É inegável o sucesso que The Chosen conquistou no mundo todo. A série apresenta uma adaptação dramatizada do Novo Testamento, retratando o ministério de Jesus Cristo na Terra, a escolha dos seus discípulos e muitos dos seus milagres. Equilibrando fidelidade bíblica com elementos ficcionais, The Chosen se destaca como uma das melhores representações da história de Jesus, buscando apresentá-lo de forma respeitosa e acessível a todas as audiências — mostrando tanto sua divindade quanto sua humanidade.
Ao retratar o ministério de Jesus desde o início (diferentemente de outras adaptações que se concentram apenas na crucificação), a série cria uma conexão profunda com o espectador, que aprende a amar, entender e sofrer com Ele. O criador da série, Dallas Jenkins, frequentemente ressalta que The Chosen não deve substituir a leitura bíblica, mas sim incentivar as pessoas a abrirem suas Bíblias e conhecerem o verdadeiro Jesus.
Originalmente, a série não foi concebida para alcançar as massas, mas rapidamente se popularizou, alcançando grandes plataformas de streaming e até a TV aberta. E foi nesse momento — quando o projeto ultrapassou bolhas religiosas — que começaram a surgir críticas de vários cristãos, tanto católicos quanto protestantes. Críticas essas que, para mim, só revelam uma coisa: os religiosos de hoje estão tão cegos quanto os fariseus do tempo de Jesus.
(Paulo mode ON — é hora de falar umas verdades)
The Chosen sempre foi pensado como um projeto cristocêntrico. Não é um projeto católico. Não é um projeto protestante. É um projeto focado exclusivamente em Cristo, a Palavra viva. Diante das críticas de outras denominações, Dallas Jenkins afirmou que Jesus não veio para fundar religiões específicas, mas para alcançar todos. E é isso que ele tenta mostrar na série.
O elenco é diverso — cultural e religiosamente. Jonathan Roumie (Jesus) é católico. Paras Patel (Mateus) é hindu. E, para muitos religiosos, isso é inaceitável. A ideia de que “pecadores” ou “não cristãos” possam interpretar personagens bíblicos, ou ainda, que pessoas de fora da fé cristã se emocionem com Jesus, parece ofensiva. Já ouvi frases como: “Se todo mundo está gostando, tem algo errado. O mundo odeia Jesus.”
É verdade que o evangelho pode causar rejeição. João escreveu que Jesus foi odiado, e seus seguidores também seriam (João 15:18). Mas usar essa lógica como régua para rejeitar algo que aproxima pessoas de Cristo é um equívoco.
Vamos voltar ao tempo de Jesus. Quem o rejeitou? Os líderes religiosos. E quem o ouviu de coração aberto? Os gentios, os pecadores, os marginalizados. Os fariseus o acusaram de "deturpar" a Lei de Moisés, mesmo quando Ele afirmava que não veio abolir a Lei, mas cumpri-la (Mateus 5:17). Eles não suportavam vê-lo tratando com amor e respeito aqueles que julgavam impuros.
Anos depois, Paulo foi chamado para ser apóstolo — e quem abraçou sua mensagem? Os gentios.
O “povo de Deus” estava preso às tradições. Já os espiritualmente doentes, os rejeitados, aqueles que nada tinham, se agarraram ao amor e à esperança que Jesus ofereceu.
E hoje? Muitas denominações estão mais preocupadas com os elementos ficcionais da série, ou com o fato de que a “santidade” de certos personagens não está sendo representada da forma “correta”, do que com o que realmente importa: Cristo. Enquanto isso, pessoas que talvez nunca tenham pisado numa igreja estão conhecendo Jesus pela primeira vez por meio da série. Estão se sentindo tocadas. Estão querendo conhecer o Evangelho.
Será mesmo que, se tudo estivesse tão errado assim, Deus teria permitido que esse projeto chegasse tão longe? Sem uma grande distribuidora, sem orçamento milionário, sem o apoio inicial das instituições religiosas? Não acredito. Deus não deixa o caos reinar quando Seu nome está sendo exaltado. Ele não se deixa usar em vão.
Como cristãos, precisamos ter discernimento. Sim, The Chosen é uma dramatização. Elementos ficcionais foram adicionados. Mas isso não anula a Palavra. E definitivamente não é motivo para impedir que a série chegue a quem precisa ver.
Afinal, quem precisa de cura são os doentes.
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