A Ligação (2025)

Flash fiction inspirada na música The Call dos Backstreet Boys



James

Quando cheguei na boate, não consegui encontrar meus amigos. O lugar estava lotado e a música estava muito alta — mas nada diferente do que eu era acostumado.

Meu celular tocou de repente. Minha namorada, Rachel, estava ligando, provavelmente querendo saber onde eu estava, mas eu mal podia ouvi-la.

— Eu não consigo te ouvir! Acho que minha bateria está fraca! Mas olha, vou me atrasar, não espere por mim!

— O que?! Onde você está? Alô...

— Eu preciso ir...

Enquanto caminhava em meio a toda aquela gente, senti o olhar de uma garota em mim. Ela era belíssima e estava se aproximando. Com uma voz de sereia, me chamou para dançar e eu fui com ela até a pista de dança, perdendo a noção de quanto tempo ficamos lá. Eu estava hipnotizado.

Mais tarde, ela aproximou os lábios do meu ouvido e sussurrou.

— Eu tenho um apartamento aqui perto... quer vir comigo?

Eu devia ter dito não... tinha alguém me esperando em casa.

Mas eu disse exatamente o oposto.

Entramos em um táxi e fomos até seu apartamento. Ela não me deixou beijá-la durante a dança, ou enquanto estávamos no carro. Quando finalmente chegamos, era uma vizinhança deserta. Desci do carro primeiro, mas quando fiz menção de abrir a porta para ela, o carro correu em alta velocidade... com ela dentro.

Podia jurar que vi um sorriso sair dos lábios dela quando o carro foi embora, me deixando naquele lugar esquisito.

Minha carteira estava no meu bolso..., mas meu celular não.

O que ela queria com um celular descarregado?

Corri atrás do carro o mais rápido que pude, até que ele parou na frente de um hotel. Vi quando a moça desceu e entrou lá. Tentei ir atrás dela, mas fui barrado na entrada.

Dei a volta pelo prédio e usei a entrada dos funcionários.

Eu a encontrei subindo o elevador, com aquela mesma expressão que vi no carro. O sorriso que antes havia me encantado agora me apavorava, mas eu precisava saber o que estava acontecendo.

Ela estava indo para o 34º andar. Consegui pegar o elevador de serviço e apertei o número 34 incessantemente, torcendo para que conseguisse alcançá-la.

Passei uma eternidade naquele elevador, me sentindo claustrofóbico. Minha garganta estava se fechando, minha respiração ofegante e eu tinha um péssimo pressentimento.

Quando ele finalmente parou no andar, eu a vi entrando em um dos quartos. Ela fechou a porta antes que eu a alcançasse. Bati na porta igual um louco, exigindo que ela a abrisse e devolvesse o que havia roubado.

Mas não foi ela quem atendeu a porta...

Foi a minha namorada. Ela me olhava com uma expressão de decepção e braços cruzados, enquanto a outra moça observava a cena encostada na porta do banheiro da suíte.

— Eu já suspeitava..., mas precisava ter certeza. — Rachel disse e olhou para a mulher que estava com ela — Você não se lembrava da minha irmã, não é James?

Fiquei perplexo. Não sabia como reagir. Como... como não percebi?

— Rachel, por favor...

— Acabou, James — ela me cortou e jogou um objeto em mim: meu celular descarregado.

— A minha bateria tinha acabado mesmo... — tentei argumentar em vão.

— Eu sei. Foi a única coisa que você disse que era verdade.

Então ela fechou a porta na minha cara. Daquele dia em diante, ela não estaria mais ao meu lado. Nunca mais.

E tudo isso, porque eu tive que mentir naquela maldita ligação...

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