Flash fiction inspirada na música The Call dos Backstreet Boys
James
Quando cheguei na boate, não consegui encontrar meus amigos.
O lugar estava lotado e a música estava muito alta — mas nada diferente do que
eu era acostumado.
Meu celular tocou de repente. Minha namorada, Rachel, estava
ligando, provavelmente querendo saber onde eu estava, mas eu mal podia ouvi-la.
— Eu não consigo te ouvir! Acho que minha bateria está
fraca! Mas olha, vou me atrasar, não espere por mim!
— O que?! Onde você está? Alô...
— Eu preciso ir...
Enquanto caminhava em meio a toda aquela gente, senti o
olhar de uma garota em mim. Ela era belíssima e estava se aproximando. Com uma
voz de sereia, me chamou para dançar e eu fui com ela até a pista de dança,
perdendo a noção de quanto tempo ficamos lá. Eu estava hipnotizado.
Mais tarde, ela aproximou os lábios do meu ouvido e sussurrou.
— Eu tenho um apartamento aqui perto... quer vir comigo?
Eu devia ter dito não... tinha alguém me esperando em casa.
Mas eu disse exatamente o oposto.
Entramos em um táxi e fomos até seu apartamento. Ela não me
deixou beijá-la durante a dança, ou enquanto estávamos no carro. Quando
finalmente chegamos, era uma vizinhança deserta. Desci do carro primeiro, mas
quando fiz menção de abrir a porta para ela, o carro correu em alta
velocidade... com ela dentro.
Podia jurar que vi um sorriso sair dos lábios dela quando o
carro foi embora, me deixando naquele lugar esquisito.
Minha carteira estava no meu bolso..., mas meu celular não.
O que ela queria com um celular descarregado?
Corri atrás do carro o mais rápido que pude, até que ele
parou na frente de um hotel. Vi quando a moça desceu e entrou lá. Tentei ir
atrás dela, mas fui barrado na entrada.
Dei a volta pelo prédio e usei a entrada dos funcionários.
Eu a encontrei subindo o elevador, com aquela mesma
expressão que vi no carro. O sorriso que antes havia me encantado agora me
apavorava, mas eu precisava saber o que estava acontecendo.
Ela estava indo para o 34º andar. Consegui pegar o elevador
de serviço e apertei o número 34 incessantemente, torcendo para que conseguisse
alcançá-la.
Passei uma eternidade naquele elevador, me sentindo
claustrofóbico. Minha garganta estava se fechando, minha respiração ofegante e
eu tinha um péssimo pressentimento.
Quando ele finalmente parou no andar, eu a vi entrando em um
dos quartos. Ela fechou a porta antes que eu a alcançasse. Bati na porta igual
um louco, exigindo que ela a abrisse e devolvesse o que havia roubado.
Mas não foi ela quem atendeu a porta...
Foi a minha namorada. Ela me olhava com uma expressão de
decepção e braços cruzados, enquanto a outra moça observava a cena encostada na
porta do banheiro da suíte.
— Eu já suspeitava..., mas precisava ter certeza. — Rachel disse
e olhou para a mulher que estava com ela — Você não se lembrava da minha irmã,
não é James?
Fiquei perplexo. Não sabia como reagir. Como... como não
percebi?
— Rachel, por favor...
— Acabou, James — ela me cortou e jogou um objeto em mim:
meu celular descarregado.
— A minha bateria tinha acabado mesmo... — tentei argumentar
em vão.
— Eu sei. Foi a única coisa que você disse que era verdade.
Então ela fechou a porta na minha cara. Daquele dia em
diante, ela não estaria mais ao meu lado. Nunca mais.
E tudo isso, porque eu tive que mentir naquela maldita
ligação...
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